sexta-feira, 23 de junho de 2017

Lenha na Fogueira - 24.06.17


Hoje é o aniversário do amigo João Carlos Alves popularmente conhecido como Carlinhos Maracanã. O grande agitador cultural. Parabéns Maraca!
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E hoje é dia de São João. Tem tanta fogueira; tem tanto balão, o povo a noite inteira na beira da fogueira, faz adivinhação...
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São pouquíssimas as fogueiras acesas nos dias de hoje, principalmente nas cidades consideradas de médio pra grande porte como é o caso de Porto Velho.
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Mesmo assim ainda podemos ver algumas, só, que com fogo artificial, com efeitos de led ou então papel colorido e um ventilador fazendo vento para dar a impressão que são chamas do fogo da fogueira. Tudo é válido quando o objetivo, é preservar a festa dos santos festeiros do mês de junho, Santo Antônio, São João e São Pedro.
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O que quase já não se ver são as rodas de adivinhação. “Danei a faca no troco da Bananeira não gostei da brincadeira, Santo Antônio me enganou”. Essa simpatia é assim: Você passa uma faca virgem três vezes ao redor da fogueira. Corre até uma bananeira e enfia. Na manhã seguinte, a nódoa que escorre pelo caule da bananeira, forma a primeira letra do nome da pessoa que será seu futuro marido ou mulher.
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Saí correndo lá pra beira da fogueira, ver meu rosto na bacia, água se derramou”. O resultado dessa simpatia é imediato. Você enche uma bacia com água, passa três vezes pela fogueira, acende uma vela e pinga na água da bacia, em alguns segundos a cera da vela forma a primeira Letra do nome da pessoa com quem você pretende namorar e até se casar.
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Antigamente as pessoas consideradas “categas” em Porto Velho, contratavam grupos de bois bumbás para dançar no terreiro de suas casas durante as festas juninas, principalmente na noite de São João.



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Tinha um seringalista que costumava contratar um grupo de boi para dançar em frente a sua residência na noite de São João, seus filhos convidavam os amiguinhos para “passar fogueira” e assistir a brincadeira do boi.
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O soldador conhecido como Zé Bossa era muito amigo do seringalista e numa dessas noites de São João, justamente no momento em que o boi se apresentava em frente a casa do “Coronel”, Zé Bossa chega bastante truviscado, vai até onde ele está e diz: “Fala com o Amo do boi pra ele me deixar tirar uns versos! - Tu sabe tirar verso Zé? - Pergunta o “Coronel”, Zé responde, dê a ordem pro senhor ver se eu sei ou não sei tirar verso!
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O seringalista chama o amo Galego e pede pra ele desafiar o Zé Bossa pra ver se ele sabe mesmo fazer verso de improviso.
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Galego fez o desafio e Zé Bossa foi pro meio do terreiro e cantou:
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Levanta meu boi levanta, Levanta de lá e vem; o dono da casa é corno, e as filhas transam também”...
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O Coronel gritou de lá pros seus 'capangas' (todo seringalista tinha seus homens de confiança): Pega esse filho da mãe e dar uma sova bem dada. A Casa do Coronel era perto do Cemitério dos Inocentes e Zé desabalou na carreira e os capangas atrás e não quis nem saber que a cerca do cemitério era de arame farpado...
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Tem uma “estória” que até hoje é contada nos locais de ensaio dos bumbás de Porto Velho. É aquela na qual, o Amo cantou pro boi levantar e nada e quando foram ver, o “Miolo” (hoje é tripa) estava dormindo bêbado de baixo do boi. Só, que inventaram que ele (miolo) havia sido assassinado.
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Por falar nisso, hoje o boi Corre Campo se apresenta na casa da dona Raimundinha do Cabo Omar na Duque de Caxias com a Rogério Weber no bairro Caiari as 21 horas. Revivendo a brincadeira do boi de rua. “Vou chegando vou entrando, com meu garrote ,mimoso, na casa da Raimundinha, Corre Campo é amoroso”. Nostalgia pura!

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