sábado, 10 de setembro de 2016

ENTREVISTA COM - Francisco Santana

A voz do rádio esportivo de Porto Velho


De repente o público amante do futebol rondoniense, passa a ouvir uma voz grave e ao mesmo tempo suave, nas tardes de domingo, comentando as partidas de futebol que aconteciam no estádio Aluizio Ferreira e eram transmitidas pela Rádio Caiari. Todo mundo queria saber quem era o dono daquele “vozeirão”. Com o tempo todos ficaram conhecendo o dono de tão potente voz Francisco Batista Santana ou simplesmente Santana um cearense de Fortaleza que aportou em Porto Velho no inicio dos anos de 1970 como auxiliar de um primo “prestamista”. “Aquele vendedor que sai de porta em porta. No caso do meu primo, vendedor de colcha para cama”. Por ter concluído a 4ª série do ginasial (hoje oitava séria do fundamental), foi contratado como revisor do jornal O Guaporé onde também passou a ser redator de policia, esporte e política. Conheceu Amizael Gomes da Silva e foi contratado como funcionário da Assembléia Legislativa de Rondônia onde está até hoje. “São 31 anos de casa”. Justamente na Assembléia batemos o bato que segue com o Francisco Santana na última quinta feira dia 8.

ENTREVISTA


Zk – Vamos a sua identificação?
Santana – Sou Francisco Batista Santana nascido no dia 5 de julho de 1949, na cidade de Fortaleza capital do estado do Ceará. Me orgulho muito de ser descendente de africano. Com 23 anos de idade, como todo jovem, descobri meu sonho de liberdade que era viajar pra longe, só que não sabia que esse longe seria Rondônia, uma terra que hoje abraço como minha segunda terra.
Zk – Quando você desembarcou em Porto Velho?
Santana – Foi no ano de 1973, motivado por um primo que já estava morando aqui. Quando vim pra cá, deixei pra trás um sonho que alimentei durante muito tempo. Na minha terra cheguei a ser semi-profissional de futebol. Tive passagem como jogador de futebol no “Calouros do Ar”, no “América” e quando já estava de viagem marcada para cá o “Tiradentes” queria ficar comigo. Eu jogava como volante.
Zk – E já em Porto Velho?
 Santana – Aqui encontrei o apoio que sinceramente jamais teria na minha terra. Assim sendo, depois de trabalhar como Fiscal de Vendas. Aproveitando a hospitalidade do povo da cidade, consegui fazer boas amizades e através dessas boas amizades fui convidado para atuar no futebol amador, que à época era muito valoroso, aliás, considero o futebol amador daquela época muito mais profissional do que o profissional que hoje está sendo praticado aqui. Os clubes eram recheados de craques, de pessoas que tinham entusiasmo pelo futebol. Quando sai da capital do estado do Ceará, pra chegar aqui, tive que percorrer Sete Dias e Sete Noites em transporte terrestre e pensava comigo mesmo, numa distância dessas tenho que encontrar alguma coisa boa.
Zk – E encontrou?
Santana – Aqui encontrei trabalho, acolhimento, encontrei meios de me profissionalizar, primeiro como jornalista e depois como radialista.
Zk – Voltando ao futebol. Você jogou em algum time de Porto Velho?
Santana – No meu contato de amizade cruzei o caminho de uma turma que jogava no Botafogo. Finado Geraldo (Geraldão) numa pelada num local que já não existe mais, que reunia a nata dos peladeiros, me observou e comentou sobre meus recursos como jogador de futebol com o finado jornalista esportivo José Pedro Sá e assim entrei para o mundo semi-profissional do futebol rondoniense. Na realidade, passei a freqüentar o meio onde existiam grandes expoentes do futebol local e era difícil jogar futebol em Porto Velho exatamente por esse grande número de craques, mas, como eu tinha cá meus recursos apesar de ter dificuldade no trabalho. Cheguei a trabalhar como porteiro/recepcionista do Hotel Guaporé do saudoso José Camacho e com isso, não tinha muito tempo para treinar e assim não conseguia me efetivar como titular da equipe, mesmo assim consegui ser reconhecido.
Zk – E como foi que você passou a atuar como jornalista?
Santana – O futebol abriu as portas. Descobriram que eu tinha a quarta série ginasial. Naquele tempo a gente fazia a 1ª, 2ª, 3ª e 4ª série do primário, fazia o Exame de Admissão para poder ingressar no ginásio e como a mão de obra da época era muito carente fui convidado por José Pedro Sá para conhecer Roberto Uchoa Rodrigues da Silva que era secretário de redação do jornal O Guaporé cujo proprietário era o seu Emanuel Pontes Pinto e no teste que fiz, consegui ser aprovado como Revisor. Isso me deu muita alegria e fez com que eu ganhasse mais estímulo pra ficar nessa terra e construir o que eu considero um reinado que só Rondônia podia me dar. E foi assim que chegamos aonde chegamos. Hoje sou jornalista profissional registrado na Federação Nacional de Jornalista.
Zk – Depois de revisor?
Santana – O doutor Uchoa passou a me incentivar para que eu passe a escrever Polícia, depois ele viu que levava jeito pra coisa e quase numa intimação me fez escrever sobre Esporte e logo em seguida passei a escrever sobre Política. Em 1985 passei a fazer parte do quadro de jornalistas do jornal A Tribuna onde militavam grandes nomes da imprensa como Montezuma Cruz, você e tantos outros. Nessa época conheci através do Doutor Uchoa o professor Amizael Gomes da Silva a quem vivo sempre agradecendo por ter me trazido para ser funcionário da Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia.

Zk – E o radialista surge quando?
Santana – Estava escrevendo no jornal O Guaporé uma coluna chamada “Tema em Debate” que era um comentário em cima do brilhante futebol praticado em Porto Velho. Certo dia entra na redação Alfredo Henrique Barradas com a coluna  “Tema em Debate” na mão, chegou se apresentou e formulou o convite para eu trabalhar na rádio Caiari.
Zk – Ele já conhecia o teu vozeirão?
Santana – A revelação da voz aconteceu exatamente através da rádio Caiari. Quando o Barradas me levou para a rádio foi direto para a equipe de esportes que contava entre outros com João Dalmo, Walter Santos, Miguel Silva, Ribamar o grande narrador. Esse é outro fato que me deixa muito contente de ter adotado essa terra.
Zk – E Mais?
Santana – Desse modo abordando tudo de bom que essa terra nos cativa. Rondônia é um dos pedaços mais queridos da Amazônia, por esse belo rio Madeira, pela bela história da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, por essa gente simples que são os filhos naturais dessa terra que conseguem com essa simplicidade, transmitir a grandeza que ainda não foi colocada no devido local que essa terra merece. Um dos meus sonhos e vou ser muito sincero, é ver essa terra dirigida, digamos assim, por 80% da sua gente.
Zk – Como militante do jornalismo esportivo qual o grande jogo que você comentou. Aquele que você não esquece?
Santana – Tive a oportunidade de ao lado de João Dalmo e Walter Santos e do próprio Ribamar, de presenciar e comentar uma partida entre Ferroviário e Moto Clube que reuniu tudo que o futebol precisa, só não saiu o gol, mas conseguimos ver técnica, determinação dentro de campo e o verdadeiro brilhantismo do futebol de Porto Velho e o comentário que consegui fazer foi uma espécie de porta aberta para o futuro, de certo modo, consegui retratar aquela realidade que foi presenciada por mais de 5 Mil torcedores no estádio Aluizio Ferreira que considero o templo sagrado do futebol de Rondônia.
Zk – Quais jogadores daquele tempo fariam parte da sua seleção?
Santana – Não é uma tarefa fácil, mas tenho a minha seleção: Defesa: Gainete, Parruda, Bezerra, Walter Santos e Nequinho. Meio de campo: Delmar e Edu; Ataque: Soares, Quimane, Manoel Badu, Bacu e Rubinho.
Zk – Casado?
Santana – Sou casado há 43 anos com dona Maria Zilda Souza Santana natural de Itapipoca no Ceará tivemos cinco filhos, três prematuros, ficaram dois e desses, Deus levou um. Viajou fora do combinado como diz Rolando
Boldrin o Sr. Brasil!
Zk – Quantos anos como funcionário da ALE?
Santana – Completei 31 anos. Fui admitido no dia 8 de maio de 1985. Lembro de um fato que pode ser considerado pitoresco: Houve um momento que havia debates interessante entre dois parlamentares, Zuca Marcolino e João Dias. Eram debates muito acirrados que provocavam risadas, mas, tinham o cunho da vontade de representar bem suas regiões. O mais interessante é que quando a coisa chegava num determinado limite, quase às vias de fato, cabeças pensantes como Thomaz Corrêa, Arnaldo Martins e Dr. Jacob Athala interferiam e colocavam as coisas nos devidos lugares.
Zk – Obrigado!

Santana – Uma das áreas que me anima muito e tenho vontade de seguir, é a musical. A música é uma coisa muito séria, é uma coisa divina. To falando de música, não de barulho. Quando a música é música, seja ela vocal ou instrumental faz bem ao ouvido e ao coração!

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